quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

nº 215 O síndrome de Sherlock ou a guitarra de Strindberg.


O síndrome de Sherlock ou a guitarra de Strindberg.

Quando Sherlock (1854-?) abandonava o seu mundo de caçador de assassinos e trapaceiros, mergulhava-se no estudo, nas drogas ou/e na música. Quando pegava no violino para tocar A barcarola de Hoffmann ou qualquer uma das suas improvisações, a música resultava uma pomada para as queimaduras do tédio. Violino, xícara de chá e sanduíches, o seu coquetel anti-aborrecimento. E postos a escolher, melhor isto que o cachimbo ou a cocaína dissolvida ao sete por cento. Mas o que acabamos de dizer coloca-nos na sequência de qualificar a Sherlock numa categoria de músico –ou melhor ainda– procurar uma definição à sua atitude fronte a música. Ele pode ser um diletante ou músico amador, ambas as duas palavras cheias de conotações tantas vezes pejorativas e inexatas. No dicionário Priberam encontramos algumas definições turbadoras do verbete Diletante:

1. Amador de um arte ou literatura.
2. Que ou quem é entendedor ou apaixonado de uma arte ou a ela se dedica por gosto, especialmente à música.
3. Que ou quem se dedica a algo por prazer e não como modo de ganhar a vida.
4. Que ou quem procura o prazer ou tem uma atitude superficial, sem mostrar maturidade, profundidade ou responsabilidade. [O negrito é meu]

A série de definições parecem ir de mal em pior e dão para uma tese sobre a visão que sobre o músico e a música tem a sociedade ou quiçá apenas os académicos da língua. Assim, a definição nº 1 fala do diletante como amador de um arte ou literatura. Parece excluir, portanto, a quem exerce o ofício de jeito não remunerado. Não haveria, com justiça, que incluir no epígrafe de músico profissional a quem com vontade de cobrar pelo seu trabalho não encontra onde? Mas a coisa piora na segunda aceção. Diletante é aquele, disse-nos, quem entendendo ou apaixonando-se por uma arte, dedica-se a ela por gosto. Um músico apaixonado que desfrute do seu trabalho será, ou isso nos conta o dicionário, sempre amador, independentemente de quanto cobre pelo show. A definição 3 aprofunda nesta triste visão pecuniária do ofício: o amador dedica-se por prazer à música e não como modo de ganhar a vida. Vaia! E não será que os não amadores nos dedicamos a música também por prazer e o fato de ganhar-nos a vida é como consequência de exercer a profissão com certo decoro? Mas é o epígrafe 4 o que mais me confunde. O amador quase aparece como uma espécie de depravado musical, um hedonista superficial, infantil e profundamente irresponsável. Meu Deus! Parece que está a definir a imagem que temos de, por exemplo, o amador Mozart.

Com todo este circunlóquio queria chegar a onde? Pois a quanto há de relativo nisso de falar de músicos amadores e profissionais e por essa relatividade, quanto de injusto pode haver numa taxonomia de personagens históricos catalogados em função deste dualismo. A seguir quisera falar da relação que poetas, dramaturgos, pintores, escultores, médicos, advogados… tiveram com a música através do contacto, quase sempre doméstico, com um instrumento e como este contacto é sintoma ou terapia, em muitos casos, dos seus desequilíbrios emocionais.

A terapia de Sherlock.

«Meu amigo era um músico entusiasta, e não só tocava muito bem, como ainda era compositor de grande mérito. Passou a tarde inteira na poltrona mergulhado na mais perfeita felicidade, movendo delicadamente os longos dedos finos no compasso da música, enquanto seu rosto sorridente e seus olhos lânguidos e sonhadores eram totalmente diferentes dos de Holmes, o cão de caça; Holmes, o implacável, de mente aguçada, perseguidor de criminosos.» A Liga dos Ruivos. Arthur Conan Doyle.

Uma terapia é um tratamento de doenças ou distúrbio psíquicos. A música –como aparece testemunhado quando menos desde os papiros de Lahum– é utilizada em medicina com diferentes fins mas fundamentalmente para melhorar a qualidade de vida dum paciente. Às vezes esta melhora e curativa, outras apenas paliativa; a música pode ser placebo ou panaceia; estimulante ou narcótico… Para muitos, a música é uma medicina que devemos tomar diariamente como antídoto contra a mediocridade e auxílio fronte os ataques despiedados da fealdade. Esta ideia de tábua de salvação está em Sherlock.

«Puxe sua cadeira para perto e dê-me meu violino, pois nosso único problema agora é como passar essas noites sombrias de outono.» O nobre solteiro. Arthur Conan Doyle.

Os afetados polo Síndrome de Sherlock não são simples diletantes, senão que a música é uma necessidade vital, um sintoma dos seu esteticismo exacerbado, do seu desequilíbrio emocional ou do seu transbordamento artístico. Sempre uma contradição: a música é um break criativo num contínuo criar.

Nietzsche vs Rosseau. 


«La conversación se anima. Nuestro músico, que resultó ser profesor, há conseguido concentrar la atención de todos. ¿Cómo? ¿Nietzsche compositor? Acaso ejerció la música en forma profesional? ¿Cuál fue su carrera en este ámbito? Se estrenaron sus obras? Ninguna respuesta parece satisfacer a la tertulia. Se origina entonces una discusión alrededor de las categorías "profesional/aficionado". El profesor, enojado, pregunta si alguien conoce algún "poeta profesional". "Es más –dice casi enrojeciendo– Nietzsche ni siguiera fue un filósofo profesional. Lou Andreas Salomé, su discípula, la mujer que él amó y que lo dejó sufriendo en carne viva al rechazarlo, sabía mucho más de filosofía que él. Pero él era el filósofo, y no ella. En rigor, ni la poesía, ni la filosofía ni la música son «profesiones» en el sintido corriente del término (por lo que mal puede alguien convertirse en «profesional»). Las profesiones sirven para conseguir algo bien concreto y estas actividades son completamente inútiles para eso. Entiéndase: no son utilitarias. En el momento en que «sirven» a un fin ulterior a sí mismas, (cualquiera que sea: sustento, reconocimiento, etc.), se contaminan y se marchitan. Es por eso que prefiero pensar que en este terreno nadie pasa el nivel de aprendiz. O, si ustedes quieren: de "aficionado".» SCHULKIN, Claudio Nietzsche compositor in A parte rei. Revista de filosofia. Ano 2002, nº 19 [http://serbal.pntic.mec.es/~cmunoz11/nieto.pdf]

Parece que Nietzsche teve uma educação musical muito básica, mas ele sempre teve vocação de músico. Quando aprendeu a falar, a escrever, a pensar, desenvolveu além disso, um mecanismo de imunização chamado música: «A minha melancolia quer descansar em sítios escondidos e em abismos de perfeição. É por isso que preciso de música.» A Gaia Ciência. A crítica musical tende a desvalorizar a obra de Nietzsche, em oposição ao contexto no que nasce. Comparar o talento musical do filósofo com o de Listz ou Wagner resulta sumamente injusto, pois quantos há, na altura, comparáveis a estes? Disse que a sua gramática e sintaxe musical continha erros que resultavam insuportáveis para Hans vön Bülow, primeiro marido de Cósima. Mas se escutamos as composições de Nietzsche sem prejuízos –nem positivos, nem negativos– estou certo que podemos apreciar a beleza e inspiração de muitas das suas composições como as tituladas Herbstlich Sonnige Tage 1867 [para quarteto vocal misto com acompanhamento de piano], So lach doch mal ca. 1862 [para piano], Das “fragment an sich” 1871 [para piano]… Esta última peça é para mim todo um tratado de filosofia escrito sobre um pentagrama. O título que poderíamos traduzir como Fragmento em si  –«assaz esquipática tradução» em expressão de Lopes Graça– resulta do mais eloquente. Para Nietzsche, ao igual que para o seu mestre Schopenhauer, a música é a mais elevada das artes. A música não precisa de levar associado um texto, nem sequer uma correspondência com um tema ou motivo concreto. Dizia Shopenhauer

«Com certeza, em geral, se uma correspondência entre uma composição e uma apresentação intuitiva é possível, deve-se a que ambas constituem somente expressões inteiramente distintas da mesma essência interna do mundo. Quando, em um caso individual, uma tal correspondência realmente procede, portanto o compositor soube exprimir os movimentos da vontade, que formam o cerne de um evento, na linguagem geral da música, então a melodia da canção, a música da ópera, são expressivas. Porém a analogia encontrada entre ambos pelo compositor deve ter-se originado do conhecimento imediato da essência do mundo, inconsciente de sua razão, e não deve se constituir em reprodução, mediatizada numa intencionalidade consciente por conceitos, pois neste caso a música não expressaria a essência interna, a vontade ela mesma, mas somente copiaria de modo imperfeito o seu fenómeno; como aliás ocorre em toda música imitativa, p. ex.: “As estações do ano” de Haydn, e também a sua “Criação” em muitas passagens, em que fenómenos do mundo intuitivo são reproduzidos diretamente; da mesma forma, todas as peças de batalhas, o que deve ser rejeitado totalmente. » O mundo como vontade e representação. L.III; § 52.

O Fragmento de Nietzsche começa com a indicação Sehr langsam, muito devagar, em piano, até o final do pentagrama, só modificado no compasso 13 pela indicação anschwellend, algo assim como inchaço, com a que tal vez o artista pretendia dar mais corpo aos seguintes compassos sem abandonar o espírito saudoso geral da composição. A última recomendação do autor está no final onde podemos ler Da capo com malinconia. Não era por causa da melancolia que Nietzsche precisava da música? Esta peça termina com o pentagrama aberto como prova definitiva de ser um simples fragmento. Uma beleza!


Henri Rousseau (1844-1910) andou, em certo modo, o caminho contrário ao filósofo alemão. O Aduaneiro foi músico militar, na armada francesa, onde tocou o cornetim. Também sabia tocar a mandolina, a flauta... mas o instrumento que lhe ajudou a ganhar a vida foi o violino. Em realidade o seu percurso vital tem muito a ver com o do nosso Eugénio Granell (1912-2001). Ambos eram violinistas e os dois se fizeram pintores com certa idade: Rousseau com mais de quarenta e Granell cerca dos trinta. O pintor francês decidiu em certo momento da sua vida deixar a sua atividade profissional de aduaneiro e dedicar-se em exclusividade à pintura. Em realidade, o de em exclusividade é um bocado exagerado: para ajudar à economia familiar Rousseau dava aulas de violino e passava o chapéu no Jardin das Tuileries.
1906

Num livro fantástico, um dos que assenhoream a prateleira dos meus sonhos, titulado El París de Kiki, Artistas y amantes. [Barcelona; Tusquets] 1990, aparecem algumas fotografias belíssimas de escritores e pintores abraçados ao seu instrumento. Uma série extraordinária estaria constituída por um grupo de autorretratos realizados pelo dramaturgo sueco August Strindberg (1849-1912) em 1886.


Autoretrato, August Strindberg 1886 


Autoretrato, August Strindberg 1886

O multiartista Strindberg era uma pessoa com esquizofrenia paranoica, vitima de mania persecutória. Numa etapa na que estava obsesso pela alquimia e vivia no Paris pós-impressionista, participava de festas na casa de Gauguin onde «tocaban la guitarra, la mandolina y el piano; se vestían com trajes de época y recitaban fragmentos de teatro.[…] Alfred Jarry traía a su amigo Heri Rousseau, quien en ocasiones improvisaba animados conciertos de violín.» El París de Kiki...
Em 1893 Strindberg estava casado com uma mulher fascinante: Frida Uhl (1872-1943). Dela fala num opúsculo que constitui um formoso arrazoado à importância do azar na criação artística e cujo título podemos traduzir como: As novas artes ou o azar na criação artística. Setrindberg conta-nos aqui um episódio autobiográfico a respeito da sua faceta como guitarrista: 

«Eu estava procurando uma melodia para uma peça chamada Samum, que está ambientada na Argélia. Com tal motivo, afinei meu violão aleatoriamente, afrouxando as cravelhas ao azar, até encontrar um acorde que transmitia a impressão de algo extremamente bizarro, sem ultrapassar os limites da harmonia.
A melodia foi aceite pelo ator que desempenhou o papel; mas o diretor, sumamente realista, exigiu uma melodia autêntica ao saber que a minha não era genuína. Então encontrei uma coleção de músicas árabes e as mostrei ao diretor, mas ele as rejeitou todas e, finalmente, concordou em que a minha pequena música era mais "árabe" do que as genuínas.
A canção foi executada e me trouxe uma certa dose de sucesso, e, todavia, um compositor, então em voga, veio pedir minha permissão para escrever uma composição baseada na minha pequena música "árabe", a qual o tinha impressionado
Aqui está a minha melodia, composta ao azar: Sol, #, Sol ♮ (sic), Sib, Mi.
Eu conheci um músico [parece que se trata do escritor e pianista Przybyszewski] o qual gostava de afinar o seu piano de qualquer jeito, tocando depois, de memória, a Pathétique de Beethoven. Foi um prazer incrível ouvir essa velha peça agora rejuvenescida. Durante vinte anos, escutei a este pianista tocar essa sonata, sempre idêntica a si mesma, fixa, incapaz de evoluir, sem esperança de vê-la desenvolver-se. Desde então, eu faço o mesmo na minha viola com as melodias gastadas. Os guitarristas invejam-me e me perguntam onde encontrei essa música; Eu lhes digo que não sei e eles acreditam em mim como compositor.
Uma ideia para os fabricantes de realejos atualmente muito em voga! Façam alguns furos aleatoriamente arredor do disco que porta a melodia e vocês terão um caleidoscópio musical.» Des arts nouveaux ! ou Le hasard dans la production artistique Revue das Revues. 15/11/1894 [s.n;Paris] Tradução do original em francês pelo autor deste trabalho.

O texto de Strindberg é divino e amostra, alem da importância que para ele o azar devera ter nas artes, a sua relação quotidiana com a guitarra na que mesmo experimenta afinações alternativas, chegando a influir na encenação duma das suas peças teatrais. 

Algum exemplo galego.

«Al suscrito se le olvidaba una interesante cosa de tu afecto: el piano donde reproducías frases celestes de la música universal entrenando tus ágiles dedos para las cirugías, retemplando a un tiempo el espíritu contra el dolor humano y la ingratitud; dile a tu clave que ya oyes en el órgano inmenso de los cielos, el magníficat de tu glorificación...» El Compostelano: Diario independiente: Año XV nº 4151 2 de Abril de 1934 

Estas palavras foram escritas por J. Mª Moar num panegírico feito em louvor do cirurgião compostelano Ángel Baltar (1868-1934). Na altura, havia a crença de que a prática instrumental era uma fenomenal ginástica de dedos para os cirurgiões. Ángel Baltar foi o nosso Theodor Billroth (1829-1897), pioneiro da cirurgia e grande pianista, amigo íntimo de Johannes Brahms. Billroth escreveu um livro (1895) titulado Wer ish musikalish? [Quem é musical?] onde «el autor asocia de un modo muy espiritual los problemas musicales estéticos con los conocimientos fisiológicos de su tiempo, si bien es verdad que no llega a conclusiones positivas.» Médicos músicos y amigos de la Música por el Dr. Reich. in Actas Ciba 9, setembro de 1941. p. 249

Dizem que a princípios do século XX, era frequente que os passeantes da praça compostelã do Toural escutaram o piano de Ángel Baltar nos seus ensaios diários. Em 1908, o ilustre cirurgião pede ao arquiteto Eduardo Rodríguez-Losada Rebellón (1886-1973) que lhe construa um palacete de verão ao pé da praia rianxeira de Tanxil. O arquiteto corunhês, além de ser o desenhador de alguns dos mais formosos edifícios da capital herculina do século XX é autor de quatro óperas e quatro sinfonias, entre outras muitas composições musicais. Contam que quando a Torre de Baltar estava terminada e servia de residência estival da família, às vezes sacavam o piano ao jardim e realizavam serões onde com certeza se tocariam as sonatas de Mozart, Haydn e Beethoven, nos dedos dos seus invitados, entre os quais não faltariam duas grandíssimas piantistas: Olegaria (1890-1981) e Mireya (1915-2015) Dieste . Esta última, casou com um herdeiro da Torre, o também médico Antonio Baltar (1906-1970).


Torre de Tanxil


Vida Gallega 30/11/1932

Vida Gallega 20/09/1932

Poderíamos fazer uma catolagação de intelectuais galegos e galegas em relação ao instrumento que tocavam: Rosália de Castro, Avelina Valladares, Castelao... guitarra; João Pintos, Marcial Valladares, Viqueira, Granell, García Sabel... violino; Rafael Dieste, Isidoro Brocos, Xosé Manuel Beiras... piano; e inclusive falar do interesse de Manuel Antonio por aprender a tocar a gaita ou o gosto de Celso Emilio por cantar acompanhado dum adufe. Com certeza a lista seria interminável, mas há que ir concluíndo.

Como corolário a esta desordenada coletânea de dados, um último exemplo que tenho guardado no meu almário -palavra que aprendi de Lorca, outro poeta-músico– esse armário da alma onde guardamos as melhores lembranças e sentimentos. A sequência dos fatos aconteceram tal que assim:

- No Natal de 1921 nascia Jacinto Viqueira Landa, o segundo filho do casal formado por João Vicente Viqueira e Jacinta Landa Vaz. 
-Uns meses depois, (1922) o pedagogo e galeguista Viqueira compõe para ele uma formosíssima canção titulada Cantar de Berço. 
-Em agosto de 1924 João Vicente morria vítima duma antiga doença que lhe provoca uma septicémia. 
-Desta cantiga só se conhecia a letra, mas na década dos 70 o compositor ferrolano Miguel Varela põe-lhe música, sendo gravada em 1979 pela cantora María Manuela. 
-A fins dos 90, eu entro a fazer parte do grupo musical que acompanha a María Manuela, sendo o Cantar de Berço de Viqueira/Miguel Varela um fixo no nosso reportório.
-Em 2013 leio numas notas biográficas feitas por Viqueira que o pedagogo corunhês era intérprete (violino, piano...) e compositor. Depois de contactar com a família mexicana soube que não se conserva nenhuma partitura, mas há umas gravações a capela feitas por Jacinta Landa Vaz nos anos 50 em México D.F.
-Nessas gravaçoes estão incluídas três composições com música original de João Vicente Viqueira, entre as quais o Cantar de Berço.
-Finalmente a editorial aCentral Folque em 2017 edita um estudo crítico destas gravaçoes com textos meus e dos professores Domingos Morais (Universidade Nova de Lisboa) e Pilar Barrios (Universidade de Extremadura). 

Final

Ao igual que no livro do cirurgião e pianista Theodor Billroth esta postagem é uma sequência de dados certos mas sem qualquer indício de conclusões. Dizia o Antropólogo inocente que não são dados o que falta, mais bem algo inteligente que fazer com eles. Em Instrumental, o atual best-seller e livro do ano de James Rhodes, o virtuoso pianista inglês conta como a música lhe salvou a vida. Para muitos intelectuais e profissionais dos mais diversos ofícios, a música foi um lugar de descanso, um lugar onde desconetar do quotidiano, em certo modo um tipo de dissociação necessária. Para cada um destas personagens históricas tal vez a música pode ser um sintoma de algo, um paliativo, um remédio ou um placebo, mas em qualquer caso, a música é um excelente exercício para ser humano.


«Não há nada mais a dizer ou fazer hoje à noite; portanto, dê-me meu violino e vamos tentar esquecer por meia hora esse tempo miserável e o comportamento ainda mais miserável de nossos semelhantes.» Os cinco caroços de laranja. Arthur Conan Doyle.

2 comentários:

J.B. Tubio disse...

Paréceme un traballo extenso e moi ben documentado. Destacaría as referencias ao noso benquerido e benefactor Angel Baltar tan apreciado polos rianxeiros. Tamén aos outros intelectuales q se apoiaron na música para completar a súa personalidade.

José Luís do Pico Orjais disse...

Isso é que me tirais da língua nas aulas e depois chego a casa e ordeno o que a vós vos conto desordenado. O Ángel Baltar e os Baltar dariam para muitos artigos...